Projeto 32

Criação e Desenvolvimento: Prof. Dr. Manoel Eduardo de Lima Machado

Proposta: Avaliar a Performace de um Protocolo Endodôntico utilizado em Situações Adversas

O Problema

Uma das questões mais críticas observadas em países do terceiro mundo ou demais classificações é a questão financeira ou social. Neste contexto, como professores e líderes um ponto sempre nos atormenta:

O que estamos fazendo para levar saúde à população ou ao nosso próximo? Quando observamos revistas e publicações científicas, a quantidade de pesquisas é intensa em todas as áreas, isso é ótimo! Todavia, quantas delas serão aplicadas diretamente no sentido de se levar o conforto, saúde, remoção da dor e da doença, transferir enfim uma qualidade de vida melhor para o ser humano?

Neste contexto, a ciência não pode parar, senão estaríamos barrando a evolução humana, e é justamente este desenvolvimento cientifico que contribui na melhoria da qualidade de vida. Todavia, para nós dos países mais pobres, a questão social é latente. A mesma pode ser observada tanto no cotidiano das grandes cidades, nos sistemas de convênios absurdos e é claro nas periferias e nos campos. Desta forma, desenvolver um protocolo de tratamento endodôntico fácil e rápido é fundamental para levar dignidade aos nossos profissionais e transmitir saúde à população. Afinal, é para isso que fomos formados.

Tal pensamento não se relaciona com sonhos políticos, que já demonstraram sua ineficiência, mas sim, com casos reais, e desta forma, precisamos resolver uma equação difícil que estabelece as seguintes vertentes:

a) Propiciar dignidade profissional e financeira dos nossos Cirurgiões dentistas.

b) Transmissão de saúde para a população

Situação da Odontologia na América Latina

A I Reunião de trabalho da Sociedade de Endodontia latino Americana (SELA), realizada em Lima no Peru, demonstrou a igualdade de aflições e a falência do modelo endodôntico atual. Os números da Odontologia nos diferentes Países refletem esta angustia e desequilíbrio entre quantidade e qualidade dos profissionais e atendimento à população, desequilíbrio inclusive, entre os: Cursos de Graduação, Pós-Graduação e o ideal entre a Quantidade de Profissionais formados-População. Como pode ser observado, os métodos convencionais na formação profissional: número de vagas, pós-graduação ou diferenciação, não levaram ao dentista melhor qualidade de vida e nem à população. Qual seria o caminho?

As ideias de possíveis soluções

Reduzir o número de sessões, facilidade técnica e simplicidade nos recursos e equipamentos, seriam os grande auxiliares na melhoria da relação custo-benefício.

Os testes pilotos

A princípio, os novos sistemas rotatórios pareciam se engajar nesta proposta, e assim, diferentes sistemas rotatórios foram testados por professores e alunos de pós-graduação. Após uma serie de ensaios observando: corte, resistência, assistência e apoio da empresa, e durabilidade foi selecionado o Sistema Protaper®. (No atual projeto, o grupo irá recomendar o sistema ou marca. Estamos abaixo somente relatando nossa experiência).

Uma vez selecionado o sistema, foram realizadas uma série de pesquisas observando desinfecção, modelagem e outros requisitos vinculados ao preparo do canal. Uma vez que demonstraram bons resultados o sistema passou a ser utilizado.

Fase 1- In Vitro:

- Alunos de pós-graduação iniciaram o uso em manequins endodônticos com dentes naturais e posteriormente os testes foram aplicados aos alunos de graduação. A técnica utilizada era a sugerida pelo fabricante. No desenvolvimento do trabalho pode ser verificado um índice considerável de fraturas principalmente na passagem do S2-F1 ou F1 –F2, tal fato foi resolvido com o uso de Gates –Glidden previamente aos rotatórios nos terços cervicais e médios e limas manuais até a 25 na região apical. Isto feito o numero de uso dos sistemas passaram a ser ampliados até em 10 molares ou mais, e fraturas foram observadas raramente.

Estas observações incluem tratamentos em um número superior a 2000 molares superiores e inferiores. Outra característica observada era que estes tratamentos permitiam obturações 99% das vezes com apenas um cone 06, o qual preenchia totalmente o conduto. Esta técnica obturadora pode ter sua eficiência comprovada após uma série de ensaios. (Atenção: a hibridização dos sistema foi realizada para permitir o uso com um número maior de vezes do sistema para uma melhor relação custo-benefício e maior segurança)

A Técnica

Através da análise das observações, em 2003, foi publicada a seguinte técnica: Técnica Híbrida com o uso do ProTaper® (Machado 2003) (acesse pela HOME).

Os conceitos relativos ao uso desta técnica estão explicados e justificados no capitulo de Preparo Mecânico dos canais radiculares (Endodontia da Biologia à Técnica.Machado.M.E.L e colab 2007 Ed Santos São Paulo).

Desta forma, todo este procedimento técnico está vinculado ao princípio da pressão passiva, e o preparo é dividido em duas etapas: A primeira associada à manipulação do 1/3 cervical, médio e início da curvatura e a segunda na região apical.

Fase 1

a) Preparo da entrada dos canais com Gates Glidden e SX;

b) Preparo cérvico apical com bocas Gates Glidden números 1,2,3 (protocolo site);

c) O conduto deverá ser pesquisado com uma lima 15 ou 20 até 2mm do final radiográfico da raiz tal medida é obtida na análise da radiografia de diagnóstico;

d) Uso dos instrumentos rotatórios SX e S2 é realizado com as seguintes características: D1-penetrar no conduto com o instrumento acoplado no contra-ângulo e o motor desligado até a profundidade que o mesmo apresente uma sensação de estar travado no interior do conduto, isto posto recuar de 1 a 2mm até que o mesmo esteja totalmente livre. Acione o motor que devera estar calibrado a uma velocidade de 350rpm e um torque 4. Com o instrumento livre e o motor acionado, a cinemática devera ser de pincelamento em todas as paredes do conduto, isto posto, repita a manobra com o sentido de penetrar um pouco mais no interior do conduto devendo, todavia, observar que estes instrumentos deverão trabalhar totalmente livres no interior do canal.

Fase 2

Preparo da região apical - Neste momento vamos acessar e trabalhar a região apical do conduto e para isso observamos os seguintes procedimentos:

a) Odontometria;

b) Acesso e alargamento da região apical com limas manuais 15 20 e 25 no CRT;

c) Preparo com os instrumentos rotatórios S1,S2,F1e F2 a uma velocidade de 500 rpm e torque 4 no limite de trabalho.

Nesta etapa devemos observar os seguintes itens:

Todos os instrumentos deverão acessar o CRT com movimentos de vai e vem contínuos, isto é, nunca deveremos utilizar um instrumento rotatório estacionado em um mesmo ponto. Esta conduta é de fundamental importância, pois um instrumento trabalhando com ação de corte estacionado em uma mesma região terá grande possibilidade de fratura ou formação de desvios ou degraus. Desta forma, a cinemática aplicada é de vai e vem até o CRT, não necessitando aplicar forcas nas paredes laterais e esta cinemática deverá ser efetuada apenas três vezes.

A conclusão do preparo com instrumento F2 nas raízes vestibulares de molares superiores e mesiais de molares inferiores permite que o profissional utilize um cone 06 de calibre 30 ou 35 o qual consideramos um preparo suficiente para estes condutos. Nas raízes palatinas ou distais de molares inferiores o desgaste devera ser efetuado com F3 ou F4 utilizando cones 45 ou 50 de conexidade 06.

Observação:

Aplicar o Princípio da Pressão Passiva. No trabalho com este protocolo técnico observamos que quando vamos passar o instrumento S2 para o F1 e mesmo do F1 para o F2 e o F3, podemos encontrar dificuldades, pois o instrumento muitas vezes se posiciona distante do CRT. A insistência no seu uso acoplado ao motor irá levar a fratura, desta forma, a conduta do profissional deve ser:

a) reutilizar mais a Gates Glidden 3 ou penetrar com o mesmo instrumento manualmente aplicando giros de ¼ e tração oclusal até que o mesmo atinja o CRT. Uma vês ali posicionado a manobra é continuada até que o instrumento consiga dar uma volta completa de 360 graus.

b) Isto posto podemos utilizá-lo acionado no motor com a cinemática já citada. O exemplo aqui empregado não deve estar limitado apenas com os diâmetros citados e sim toda vez que um instrumento não atingir o comprimento de trabalho, o mesmo deve ser utilizado manualmente previamente ao seu uso acionado a motor. Todavia, quando do lançamento do Protaper Universal® esta manobra passou a ser executada esporadicamente.

Obturação Cone Único

Dado as características do preparo é comum que este conduto seja obturado com apenas 1 cone de conexidade 06. É observado também que dado a grande ação de corte destes sistemas o calibre do cone é uma ou duas vezes maior que o do instrumento final,ex se concluirmos o preparo com a F2 o conduto será obturado com um cone 06 - 30 ou 35. Caso seja necessário mais cones secundários o profissional poderá utilizar.

O projeto

Dado aos excelentes resultados técnicos referente à qualidade, sucesso clínico (demonstrado na observação de casos proservados em até 2 anos), tempo reduzido, facilidade de aprendizado e aplicação, testamos o procedimento em condições extremas e adversas.

Projeto Napra

Este projeto visa o atendimento das populações ribeirinhas do rio Amazonas. Desta forma, atendimento médico, odontológico, psicológico, noções de saúde pública, e demais áreas da saúde são realizadas durante o mês de julho com grupo de profissionais e estudantes voluntários. O projeto é particular, com patrocínio limitado e todos os recursos são pessoais ou doados. Os participantes saem de São Paulo em viagens de ônibus de 4 dias, depois barcos e partem para o atendimento em locais onde o governo está ausente ou tem pouco contato. Os profissionais e estudantes são divididos em grupos para os diferentes trabalhos.

Criamos neste projeto a ação de Endodontia, visto que, anteriormente somente extrações dentárias eram realizadas. Desta forma com lanternas, Localizadores apicais, sistemas rotatórios, RX, substâncias químicas auxiliares e obturações com cone único, os tratamentos foram realizados A cerca de 3 anos, 4 alunos de especialização e 4 estudantes de graduação puderam realizar em 3 viagens, 185 endodontias de molares com diferentes estados patológicos pulpares e periapicais (polpa viva, necrose apical com e sem lesão). Vale salientar, que dado as circunstâncias, os tratamento foram realizados em sessão única, evitando assim a extração destes dentes. Resultado: O retorno e a participação da população foi significativa, tanto que posteriormente, pode ser realizada a avaliação e ou proservação com retorno de 120 casos. Destes casos somente 8 foram extraídos por permanecer com lesão apical, sendo que todos os outros apresentaram reparação óssea.

As perspectivas futuras

Uma vez demonstrado a eficiência no procedimento, aplicá-lo ainda mais nas clinicas particulares para potencializar a relação custo benefício, e iniciar projetos na área de saúde pública e Forças Armadas. O projeto já está sendo aplicado em toda América Latina em colaboração dos Países associados na SELA.

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